Revirando os baús que hoje são diretórios nessa era tecnológica, encontrei estas imagens do espetáculo "Objeto Gritante, Instantes de Clarice Lispector", que apresentamos em 2007, com direção da Luciana Éboli. O espetáculo, que nasceu de uma leitura do livro Água Viva, transformou-se em um show da Muni, dividindo o palco com os músicos Simone Rasslan, Aninha Freire, Moysés Lopes e Mateus Mapa. Interligando as músicas com trechos deste livro, estavam em cena Eleonora Rizzo e as atrizes Ida Celina, Vika Schabbach, Regina Rossi, Elisa Viali e eu. Foi um espetáculo emocionante e - é lógico - muito poético. Pena que só teve uma apresentação. Resgatei um trecho, que acho de uma delicadeza e humor impagáveis, e compartilho aqui:
"Vou te fazer uma confissão: estou um pouco assustada. É que não sei onde me levará esta minha liberdade. Não é arbitrária nem libertina. Mas estou solta.
Parece-me que pela primeira vez estou sabendo das coisas. A impressão é que só não vou mais até as coisas para não me ultrapassar. Tenho certo medo de mim, não sou de confiança, e desconfio do meu falso poder.
Não dirijo nada. Nem as minhas próprias palavras. Mas não é triste: é humildade alegre. Eu, que vivo de lado, sou a esquerda de quem entra. E estremece em mim o mundo."
Eita que não é preciso dizer mais nada...
Estremeço e me despeço.
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