É com muito orgulho e uma saudade enorme que toda a equipe do Avarento entra hoje na última semana desta curta e marcante temporada na vida de todos nós. Sim, ouso falar em nome de todos, dos mais "estreantes" ou "novatos" aos mais "experientes". Diga-se de passagem, estes rótulos, por vezes lidos como pejorativos, para mim tem o sentido oposto na maioria das vezes, pois aprendo demais com quem chega ao palco sem vícios de atuação e com o desprendimento e a expontaneidade de quem não tem nada a perder.
Pois bem, e por que seria esta uma temporada tão especial?
Para mim, em meio a uma época bem turbulenta na minha vida, digo que esta montagem foi minha válvula de escape, meu desafio pessoal de mergulhar numa linguagem e personagem que exigiu um bocado. Por que? Porque ela já nasceu (dramaturgicamente falando) rica. Qualquer um que leia o texto vai achar a Frosina engraçada. Ai mulher, e isso é ruim? Não. Graças a Deus é ótimo. Mas te põe numa obrigação. Poxa, se a personagem é boa, eu tenho que fazer dali pra mais. Pelo menos é desse jeito que eu me cobro as coisas.
Isso do meu ponto de vista, ou melhor, da minha personagem. Mas fora isso, tem a linguagem escolhida. O trabalho musical e corporal. Afinal, a escolha era encher o palco com os atores favorecidos com ótimos figurinos e deu. Beijo me liga. A encenação em cima do trabalho do ator. O desafio de colocar um elenco de várias formações musicais (alguns com nenhuma) fazendo um coro pelo menos competente.
E a meu ver conseguimos.
Isto já antes de iniciar o espetáculo. Entre o segundo e o terceiro sinal, quando cantamos fora de cena a nossa música de - vou chamar como eu sinto - "união", desde o primeiro dia me arrepiei. Parabéns elenco. Já cantei em diversos grupos de canto coral, e o resultado que conseguimos, sendo que não somos cantores, é bárbaro.
Mas isso tudo acontece por um motivo. Energia canalizada. Vontade. Crença.
Desde o primeiro dia (mesmo) o nosso Avarento mexeu com as entranhas de muita gente. Uns que adoraram, outros se incomodaram, outros não gostaram mesmo. Que bom! Há vida inteligente na platéia e toda a unanimidade é burra, não é o que dizem?
E que sigam falando. Que botem o verbo para fora. Que todos nós sigamos dizendo a que viemos e porque viemos.
Que se discuta, que se questione, se elogie e critique.
Porque aí sim, estaremos cumprindo nossa função e formando platéias atentas e dispostas a interagir com a nossa arte transformadora.
Aos Avarentos colegas de cena, merda pra nós!
Aos visitantes que por aqui passaram os olhos e quiserem se inteirar do assunto, deixo abaixo os links para acompanharem o que se falou sobre esta montagem que encerra neste final de semana sua temporada no Teatro de Câmara Tulio Piva. Sexta e sábado às 21h e domingo às 20h.
Gilberto Fonseca- Diretor do espetáculo (contém comentários enviados ao Grupo Farsa)
Leia e forme sua opinião, mas acima de tudo, assista!
E aos colegas do Grupo Farsa só posso dizer que no teatro, rola direto, hehehe...
Aplausos pra nós!